Estude este discurso e entregue um relatório citando os principais pontos e como os ensinamentos aqui citados podem ajudá-lo no decorrer deste ano e em sua juventude.
Grandes Esperanças
Presidente Thomas S. Monson
Serão do SEI para Jovens Adultos • 11 de janeiro de 2009 • Universidade Brigham Young
Meus queridos jovens amigos, o espírito que permeia esta reunião aqui no Marriott Center (no campus da Universidade Brigham Young) e em centenas de outros lugares espalhados por todo o mundo é reflexo de sua força, devoção e virtude. Sinto-me extremamente grato por estar com vocês esta noite. Vocês me fazem lembrar das palavras do poeta Henry Wadsworth Longfellow:
Quão bela é a juventude! Quão radiante,
Com suas ilusões, aspirações, sonhos!
Livro de Inícios, História sem Fim;
Cada menina, uma heroína, cada homem, um amigo!1
Além da presença de cada um de vocês, tenho o prazer da companhia de membros da minha família hoje.
Reli recentemente uma de minhas obras favoritas, escrita por Charles Dickens, que se chama As Grandes Esperanças. Vocês que já leram esse clássico devem lembrar que Dickens conta a história de um menino chamado Philip Pirrip, mais conhecido como “Pip”. O pequeno Pip era órfão e não se lembrava de já ter visto a própria mãe nem o pai. Ele desejava as mesmas coisas que os outros meninos desejam. Desejava do fundo do coração ser instruído; queria ser um cavalheiro; queria ser menos ignorante; mas todas as suas ambições e esperanças pareciam fadadas ao fracasso, até que certo dia um advogado de Londres, chamado Jaggers, foi procurar o pequeno Pip e lhe disse que um benfeitor desconhecido tinha deixado uma fortuna para ele e que Pip era “um rapaz de futuro muito promissor”.2
Hoje, ao olhar para vocês e ver quem são e o que são, e quem e o que vocês podem vir a ser, eu lhes digo o mesmo que o advogado disse a Pip: Seu futuro é muito promissor—não por causa de algum benfeitor misterioso, mas graças a um benfeitor conhecido — o Pai Celestial —, e de vocês se esperam muitas grandes coisas.
Preparar-se para a Corrida da Vida
Muitos de vocês aqui presentes estão terminando seus estudos formais. (Teremos um momento para comemorar isso.) Outros ainda têm mais períodos de preparação acadêmica pela frente. Cada um de vocês está no que poderíamos chamar de “a corrida da vida”.
O autor do livro de Eclesiastes escreveu: “Não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha”(Eclesiastes 9:11), mas daquele que persevera até o fim. A corrida da vida é tão importante, o prêmio tão valioso, que muita ênfase precisa ser dada a preparar-se devida e meticulosamente.
Quando analisamos a natureza eterna de nossas escolhas, a preparação é um fator essencial em nossa vida. Dia virá em que nos lembraremos de nosso período de preparação e ficaremos felizes por termo-nos esforçado como devíamos.
Há muitos anos, antes de ser chamado para o Quórum dos Doze, tive a oportunidade de falar em uma convenção empresarial, em Dallas, Texas, que é conhecida como a “cidade das igrejas”. Depois da convenção, fiz um passeio turístico de ônibus pela área residencial nobre da cidade. Ao passarmos pelas belas igrejas, nosso motorista comentava: “À esquerda, vemos a Igreja Metodista” ou “Ali, à direita, fica a Catedral Católica”. Ao passarmos por um belo edifício de tijolos vermelhos, no alto de um morro, o motorista informou-nos: “Ali naquele edifício é onde os mórmons se reúnem”.
Uma senhora no fundo do ônibus perguntou: “Motorista, pode dizer-nos algo sobre os mórmons?” Ele parou o ônibus no acostamento, virou-se em seu banco e respondeu: “Senhora, tudo o que sei dos mórmons é que eles se reúnem naquele edifício de tijolos vermelhos. Tem alguém no ônibus que sabe alguma coisa dos mórmons?”
Passei os olhos pelo rosto de cada pessoa, procurando algum sinal de reconhecimento, algum desejo de dizer algo. Não vi sinal algum. Então, dei-me conta de como é verdadeira a afirmação: “Quando chega a hora de decidir-se e agir, não há mais tempo para se preparar”. Nos quinze minutos que se seguiram, tive o privilégio de explicar o que Pedro chamou de “a razão da esperança que há em vós” (I Pedro 3:15). Naquela ocasião, passei a dar muito mais valor à importância da preparação.
Na verdade, meus jovens amigos, seu período de preparação não começou no dia em que vocês assistiram à primeira aula na faculdade. Começou muito antes de vocês virem para a mortalidade, quando vivíamos como filhos espirituais do Pai Celestial. Sinto-me imensamente grato por, em Sua sabedoria, Ele ter deixado registrado, no livro de Abraão algo a respeito dessa existência:
“Ora, o Senhor mostrara a mim, Abraão, as inteligências que foram organizadas antes de o mundo existir; e entre todas essas havia muitas das nobres e grandes;
E Deus viu que essas almas eram boas; e ele estava no meio delas e disse: A estes farei meus governantes; pois ele se encontrava entre aqueles que eram espíritos e viu que eles eram bons; e disse-me: Abraão, tu és um deles; foste escolhido antes de nasceres.
E estava entre eles um que era semelhante a Deus; e ele disse aos que se achavam com ele: Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes materiais e faremos uma terra onde estes possam habitar;
E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar;
E os que guardarem seu primeiro estado receberão um acréscimo; e os que não guardarem seu primeiro estado não terão glória no mesmo reino que aqueles que guardarem seu primeiro estado; e os que guardarem seu segundo estado terão um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre” (Abraão 3:22–26).
Depois, graças à sabedoria do Pai Celestial, nascemos na mortalidade e fomos recebidos por uma família amorosa.
Quero que saibam o quanto seus familiares oram por vocês. Eles se preocupam com vocês. Desejam saber como vocês estão se saindo. Eles os amam muito! Não os decepcionem.
O Senhor nos diz em Doutrina e Convênios que durante os primeiros oito anos de nossa vida, a Satanás não é dado poder para tentar-nos, pois somos criancinhas (ver D&C 29:46–47). Tivemos uma vantagem de oito anos em relação a Lúcifer.
Essa informação foi dada pelo Senhor ao Profeta Joseph, nos idos de 1830. Em nossos dias, um renomado cientista social, o Dr. Glenn Doman, que com quase toda certeza nunca ouviu essa escritura, com suas pesquisas chegou à conclusão de que “a criança recém-nascida é uma duplicata quase exata de [um] computador, embora superior a ele em quase todos os aspectos.
O que for colocado no cérebro de uma criança nos primeiros oito anos de sua vida, provavelmente ficará lá para sempre. Se colocarmos informações erradas em seu cérebro durante esse período, será extremamente difícil apagá-las”. Ele acredita que a fase mais receptiva da vida humana é a idade de dois ou três anos.3
Vocês podem perguntar: “Por que o Presidente Monson está frisando isso? Para nós, o período de aprendizado dos primeiros oito anos de vida já se passou há muito tempo!” Mas vocês, meus irmãos e irmãs, vão ser pais um dia, e também é bom que frisem bem a importância desse primeiro período de oito anos para seus filhos e para as futuras gerações de descendentes seus.
Quando penso em algumas das coisas que sem dúvida fizemos quando crianças, adolescentes e jovens adultos, creio que às vezes é de admirar que nossos pais tenham sobrevivido… ainda mais espantoso é que tenham conservado a sanidade mental. Uma mulher que estava enfrentando uma manhã muito difícil tentando manter seus filhos sob controle sentiu que estava a ponto de perder a sanidade.
Seu filhinho Matthew se achegou a ela e disse, todo feliz: “Mãe, sabe aquele vaso que sua avó deu para sua mãe, e que ela deu para você, e que você está sempre preocupada que eu acabe quebrando?”
Ela disse: “Sei, Matthew”
“Bem”, disse ele, “não precisa mais se preocupar!”
Preparação Acadêmica
Vocês, meus irmãos e irmãs, entraram agora em outro grande período de preparação para se qualificarem para a corrida da vida. Estou falando da preparação acadêmica. Ela é importante porque é por meio dela que aprendemos as lições que nos ajudarão a enfrentar os desafios do mundo em constante mutação em que vivemos.
Há apenas algumas gerações, se alguém se candidatasse para um cargo de responsabilidade no mundo empresarial, um diretor de departamento pessoal provavelmente lhe diria: “Está disposto a trabalhar arduamente? Você é saudável?” E se a resposta a essas perguntas fosse “Sim”, é provável que fosse contratado.
Isso, é claro, não acontece hoje. Supondo que sua proposta, geralmente enviada pela Internet, seja escolhida e vocês sejam chamados para uma entrevista, o moderno diretor de recursos humanos faria perguntas assim: Que diplomas você tem? Que tipo de contribuição pode dar a nossa empresa? Que programas de computador você domina?
Esforço
Há muitos anos, tive a oportunidade de dar aulas na universidade, e lembro-me de que alguns alunos pareciam saber onde queriam chegar. Eram aplicados, tinham objetivos e metas e se esforçavam para alcançá-los. Outros alunos pareciam totalmente desinteressados. Pareciam estar flutuando no mar do acaso, com ondas de fracasso ameaçando tragá-los. Primeiro se tornavam preguiçosos, depois desanimados e então indiferentes… e acabavam desistindo dos estudos.
Um dos alunos que desistiu dos estudos voltou para casa e disse para a mãe: “Mãe, larguei a faculdade. Vou abrir meu próprio caminho no mundo”. Fez as malas e saiu para enfrentar a vida de cabeça. Depois de enfrentar a vida por três semanas, ligou para a mãe. “Mãe”, disse ele, “lembra que você me disse quando saí de casa que se eu largasse a escola não conseguiria arrumar emprego? Bem, você estava errada. Saí pelo mundo há apenas três semanas, e já tive seis empregos!”
Em sua busca pela excelência, é preciso esforçar-se de verdade. Lembrem-se: “O que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará” (II Coríntios 9:6).
A vida é um mar no qual os orgulhosos são humilhados, os que fogem do trabalho são expostos e os líderes se revelam. Para navegá-lo em segurança e chegar ao porto desejado, vocês precisam manter suas cartas náuticas atualizadas e à mão. Precisam aprender com a experiência dos outros, defender seus princípios, ampliar seus interesses, compreender os direitos dos outros de navegar no mesmo mar e ser confiáveis no cumprimento de seus deveres.
Seu empenho na escola terá um efeito extraordinário nas oportunidades que terão depois que terminarem os estudos. Enquanto se esforçam para conseguir boas notas, não subestimem a importância de realmente aprenderem a pensar. Henry Ford, o grande industrial, disse: “O homem instruído não é aquele cuja memória é condicionada a guardar algumas datas históricas, mas, sim, aquele que é capaz de realizar coisas. O homem que não pensa não é instruído, por mais diplomas universitários que tenha. Pensar é o trabalho mais árduo que há, e esse é provavelmente o motivo pelo qual existem tão poucos pensadores”.4
Preparação Espiritual
Maior que nosso período de preparação acadêmica é a questão da preparação espiritual. Precisamos adquirir nosso próprio testemunho do evangelho de Jesus Cristo, que será uma âncora para nossa alma.
Nesse período questionador e incerto da vida, alguns podem perguntar, como fez Pilatos, o governador da Judéia, na época de Cristo: O “que é a verdade?” (João 18 :38). Novamente procuramos orientação nas revelações:
“E aquilo que não edifica não é de Deus e é trevas.
Aquilo que é de Deus é luz” (D&C 50 :23–24).
Milhares de almas sinceras que buscam a verdade continuam a confrontar essa dúvida pungente, que estava na mente de Joseph Smith quando pesquisava as declarações das igrejas de sua comunidade a respeito de quem estava certo e quem estava errado. Joseph disse:
“Em meio a essa guerra de palavras e divergência de opiniões, muitas vezes disse a mim mesmo: Que deve ser feito? Quem, dentre todos esses grupos está certo, ou estão todos igualmente errados? Se algum deles é correto, qual é, e como poderei sabê-lo? (…)
Finalmente cheguei à conclusão de que teria de permanecer em trevas e confusão, ou fazer como Tiago aconselha, isto é, pedir a Deus” (Joseph Smith—História 1:10 13).
Ele orou. A melhor descrição dos resultados dessa oração estão nas próprias palavras de Joseph. Vocês as conhecem: “Vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro—Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (Joseph Smith—História 1:17). Joseph ouviu e aprendeu. Sua pergunta tinha sido respondida.
Para aqueles que buscam humildemente, não há necessidade de seguir às escuras, aos tropeços, pelo caminho que conduz à verdade. Ele foi bem demarcado pelo Pai Celestial. Precisamos primeiro ter o desejo de saber por nós mesmos. Precisamos estudar; precisamos orar; precisamos fazer a vontade do Pai; então, conheceremos a verdade, e ela nos libertará. Aqueles que buscam humildemente são favorecidos por Deus, deixo-lhes essa promessa. Pensem nisso.
Lembrem-se de que a dúvida e a fé não podem coexistir na mente, porque uma afasta a outra. A dúvida destrói, ao passo que a fé completa. Uma atitude de fé nos leva para mais perto de Deus e Seus propósitos.
O Presidente David O. McKay, frequentemente citava: “A existência do homem é apenas uma prova para saber se ele concentrará seus esforços, sua mente, sua alma nas coisas que contribuem para o conforto e a satisfação de sua natureza física ou se dedicará a vida à busca de qualidades espirituais”.5
A fé implica confiança total na palavra de nosso Criador, e até na dependência dela.
Se tiverem dúvidas, sigam o conselho do Presidente Stephen L. Richards, que foi conselheiro na Primeira Presidência: “Simplesmente digam a esses pensamentos céticos, perturbadores e rebeldes: ‘eu me proponho a permanecer com minha fé, com a fé que meu povo professa. Sei que nela há felicidade e alegria, e proíbo vocês, pensamentos agnósticos e questionadores, de destruírem a casa da minha fé. Reconheço que não compreendo o processo da criação, mas aceito-a como fato. Admito que não posso explicar os milagres da Bíblia nem tento fazê-lo, mas aceito a palavra de Deus. Não estive com Joseph, mas acredito nele. Não adquiri minha fé por meio da ciência, e não permitirei que a ciência a destrua’”.6
A vocês, que se depararam com o fim do período de preparação acadêmica e iniciam a grande corrida da vida, gostaria de sugerir algumas coisas úteis para ajudá-los a alcançar seu futuro promissor, suas grandes esperanças.
Fugir das Armadilhas
Primeiro, fujam das armadilhas na pista. Evitem os desvios que vão privá-los de sua recompensa celeste. Vocês os reconhecerão, se quiserem. Eles trazem o rótulo: “Só uma vez não faz mal” ou “Meus pais são tão antiquados”.
Os maus hábitos também podem ser uma armadilha. Primeiro, podemos largá-los, se quisermos. Depois, queremos largá-los, se pudermos. John Dryden, um influente poeta inglês e dramaturgo do século dezessete disse:
“Os maus hábitos se juntam de modo invisível,
assim como os riachos se transformam em rios, e os rios correm para os mares”.7
Os bons hábitos, por outro lado, são os músculos da alma. Quanto mais os usamos, mais fortes ficam.
O Pai Celestial nos aconselhou a buscar “qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável” (Regras de Fé 1:13). A permissividade, a imoralidade, a pornografia e a pressão dos colegas fazem com que muitos sejam lançados no mar do pecado e esmagados contra os recifes cortantes das oportunidades perdidas, bênçãos revogadas e sonhos desfeitos.
Tudo o que lemos, ouvimos ou vemos deixa uma marca.
Fujam de tudo que se assemelhe à pornografia. Ela é perigosa e vicia. Se continuarem a ver pornografia, seu espírito e sua consciência perderão a sensibilidade.
Não tenham medo de sair de um cinema, de desligar a televisão nem de mudar a estação de rádio se o programa apresentado não estiver de acordo com os padrões do Pai Celestial. Em suma, se tiverem dúvidas se certo filme, livro ou outra forma de entretenimento é sadia, não vejam, não leiam, não participem.
Persistir nas Metas
Segundo, tomem cuidado para não começar com ímpeto e desanimar no final. Adoro a sabedoria que há neste poema de autor desconhecido. Não o considero uma obra-prima da literatura, mas vocês o entenderão:
Não largue a tarefa até terminar.
Esteja entre os poucos que ao fim vão chegar.
Honra, glória, poder e louvor
Em tempo serão do fiel vencedor.
Não largue a tarefa até terminar.
Trabalhe com empenho e alegria também,
Pois é do trabalho, empenho e alegria
Que vem a vitória ao final do dia.8
Esta fórmula é bem interessante: “O trabalho é que vence, não a mera intenção”. Uma atitude de trabalho resulta na capacidade de esforçar-se continuamente até atingir uma determinada meta.
Sempre gostei muito de esportes. Nunca me esqueço da exclamação de um comentarista ao narrar uma das grandes jogadas de Y. A. Title, um dos maiores jogadores profissionais de futebol americano. Ele disse:
“Essa é a jogada decisiva da partida. Title recebe a bola pelo centro, prepara-se para lançar, mas os jogadores do time adversário penetram o campo de ataque e partem para cima de Tittle, parece que é fim de jogo.
Êpa! Ainda não! Title consegue escapar e recuar. Ele prepara-se e lança a bola para o jogador além da linha de fundo marcar o touchdown!
Que persistência! Que virada eletrizante de Y. A. Title!”
No jogo da vida, muitas vezes é preciso persistir. A vida feliz não é anunciada em qualquer idade com rufar de tambores e trombetas. Ela se desenvolve ano a ano, pouco a pouco, até que, por fim, nos damos conta de que a temos. Ela é alcançada por um volume de trabalho realizado tão bem que podemos erguer a cabeça com segurança e encarar o mundo sem medo.
Vejam o exemplo de Cristóvão Colombo. Vejamos uma página do diário de sua primeira viagem. Dia após dia, esperavam encontrar terra, sem sucesso, ele simplesmente escrevia: “Hoje, continuamos a navegar”. 9 A perseverança traz grandes recompensas.
Ajudar os Outros
Terceiro, ajudem os outros na corrida da vida. Lembrem-se de que, quando você ajuda outro a subir a montanha, você mesmo chega um pouco mais perto do topo. Tente ver seu irmão da perspectiva correta. Certo homem disse: “Olhei para meu irmão pelo microscópio da crítica e disse: ‘Como meu irmão é grosseiro’. Depois, olhei para meu irmão pelo telescópio da zombaria, e disse: ‘Como meu irmão é pequeno’. Depois, olhei para o espelho da verdade e disse: ‘Como meu irmão se parece comigo’”.
A missão do Mestre caracterizava-se por uma atitude de amor. Ele deu visão aos cegos, fez os coxos andarem e deu vida aos mortos. Talvez, quando encararmos nosso Criador, Ele não nos pergunte: “Quantos cargos você teve”, mas, sim, “Quantas pessoas você ajudou?” Na verdade, não amamos o Senhor se não O servimos, servindo Seus filhos.
Buscar a Ajuda do Senhor
Quarto e último, busquem a ajuda do Senhor. As almas são preciosas, —tanto a sua como a minha. Foi nosso Pai Celestial que disse isso.
Lembrem-se de que não estamos sozinhos nesta grande corrida da vida. Temos direito à ajuda do Senhor. O Apóstolo Paulo disse aos hebreus:
“Deixemos todo o (…) pecado (…) e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,
olhando para [o exemplo de] Jesus, autor e consumador da fé” (Hebreus 12:1–2).
Antes de O termos como nosso companheiro, antes de ser possível tê-Lo como guia e segui-Lo, precisamos encontrá-Lo. Para encontrá-Lo, gostaria de sugerir que, antes de tudo, precisamos abrir espaço para Ele em nossa vida. Ele disse: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20).
O médico e discípulo Lucas descreveu a cena da natividade: “E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lucas 2:7).
O Senhor convida a cada um de nós. Pensem nessas palavras do Senhor como se fossem dirigidas a vocês individualmente: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3:20).
Ah, meus jovens irmãos e irmãs, abram espaço para o Senhor em sua casa e em seu coração, e Ele será seu companheiro. Ele estará a seu lado. Ele lhes ensinará o caminho da verdade. Com a ajuda do Senhor e com a preparação que mencionei, será possível seguirem adiante nesta corrida da vida e alcançarem seu futuro promissor, concretizarem suas grandes esperanças. Depois, no final de tudo, poderão dizer: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (II Timóteo 4:7).
Agindo assim, receberão as bênçãos do céu. Aquele que percebe a queda de um pardal, a Sua própria maneira, reconhecerá nosso serviço.
Gostaria de contar-lhes uma experiência que ilustra essa certeza.
O irmão Edwin Q. Cannon Jr. (o “Ted”, como o chamamos), foi missionário na Alemanha, em 1938. Ele aprendeu a amar o povo dali e o serviu fielmente. Ao término de sua missão, voltou para casa em Salt Lake City. Casou-se e começou seu próprio negócio.
Quarenta anos se passaram. Um dia, o irmão Cannon foi até meu escritório e disse que estivera organizando suas fotografias da missão. (“Organizar”, bela palavra! Significa olhar todas, separar duas e guardar o resto!) Entre as fotografias que tinha guardado desde a época de sua missão, havia várias que ele não conseguia identificar especificamente. Toda vez que pretendera desfazer-se delas, tivera a impressão de que devia guardá-las, embora não soubesse por quê. Eram fotografias tiradas pelo irmão Cannon durante sua missão, quando servia em Stettin, Alemanha, e nelas via-se uma família: a mãe, o pai, uma garotinha e um menininho. Ele sabia que o sobrenome deles era Berndt, mas não lembrava mais nada. Ele disse que sabia que havia um Berndt que era líder da Igreja, na Alemanha, e ele pensou, embora considerasse remota essa possibilidade, que aquele Berndt teria alguma relação com a família Berndt que morava em Stettin e que aparecia nas fotografias. Antes de desfazer-se das fotos, ele achou que deveria consultar-me.
Eu disse ao irmão Cannon que em breve iria para Berlim, onde achava que veria Dieter Berndt, o líder da Igreja, eu mostraria as fotos a ele para ver se havia algum parentesco e se ele gostaria de ficar com elas. Havia também a possibilidade de eu ver a irmã do irmão Berndt, que era casada com Dietmar Matern, um presidente de estaca de Hamburgo.
O Senhor nem sequer me deixou chegar a Berlim antes de fazer com que Seus propósitos fossem cumpridos. Eu estava em Zurique, na Suíça, subindo no avião para Berlim, quando o próprio Dieter Berndt entrou no avião também. Ele sentou-se ao meu lado, e eu lhe disse que tinha umas fotografias antigas de pessoas com o sobrenome Berndt que moraram em Stettin. Entreguei-lhe as fotos e perguntei se conseguia identificar as pessoas das fotografias. Com os olhos fixos nas fotos, ele começou a chorar e disse: “Na época da guerra, nossa família morava em Stettin. Meu pai morreu quando uma bomba lançada pelos aliados atingiu a fábrica onde ele trabalhava. Pouco depois, os russos invadiram a Polônia e a região de Stettin. Minha mãe pegou minha irmã e eu, e fugiu do inimigo que avançava. Deixamos tudo que tínhamos para trás, inclusive todas as fotografias. Irmão Monson, eu sou o menino que aparece nessas fotografias, e minha irmã é a menina. O homem e a mulher são nossos queridos pais. Até hoje, eu não tinha nenhuma fotografia de nossa infância em Stettin nem de meu pai”.
Enxugando minhas próprias lágrimas, eu disse ao irmão Berndt que as fotografias eram dele. Ele as colocou com cuidado e carinho em sua pasta.
Na conferência geral seguinte, quando Dieter Berndt visitou Salt Lake City, ele visitou o irmão Edwin Cannon Jr. e sua esposa para agradecer-lhe pessoalmente por ter sido inspirado a guardar aquelas preciosas fotografias e por ter seguido essa inspiração durante quarenta anos.
William Cowper escreveu este poema:
Incompreensível é a mão de Deus
Que opera maravilhas;
Caminha sobre as águas
E da própria tempestade faz a Sua trilha. (…)
Seus atos com ciência vã não tentes desvendar.
Confie em Sua graça,
Que a austera provação
Trará as doces bênçãos da Divina Mão.10
Presto-lhes este testemunho: que Deus vive, que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, que Ele é nosso Irmão mais velho, Ele é nosso Redentor, Ele é nosso Salvador, Ele é a fonte de suas grandes esperanças de um futuro promissor.
Deixo-lhes minha bênção e expresso-lhes meu amor. Vocês são uma geração escolhida e especial, com grandes esperanças. Que o Pai Celestial os guie e abençoe sempre, e que vocês sempre se esforcem para alcançar esse futuro promissor, é minha oração, em nome de Jesus Cristo, nosso Salvador. Amém.
Notas
1. Henry Wadsworth Longfellow, Moritus Salutamus (1875), em The Complete Poetical Works of Longfellow (1922), p. 311.
2. Charles Dickens, Great Expectations (Nova York: Alfred A. Knopf, 1992), p. 130.
3. Citado por Glenn Doman em “Too Young to Read?” Life, 27 de novembro de 1964, p. 111; ver também p. 107.
4. Henry Ford e Samuel Crowther, My Life and Work (1922), p. 247.
5. David O. McKay, Conference Report, outubro de 1963, p. 89; ou Improvement Era, dezembro de 1963, p. 1096.
6. Stephen L. Richards, Conference Report, outubro de 1937, p. 39.
7. John Dryden, “Of the Pythagorean Philosophy” (1700), sobre um tema de Ovídio em Metamorfoses, volume XV, em The Poetical Works of Dryden (1950), p. 881.
8. “Stick to Your Task,” em Jack M. Lyon et al. (org.), Best-Loved Poems of the LDS People, (1996), pp. 255–256.
9. Ver Lillian Eichler Watson, ed., Light from Many Lamps (1979), p. 138.
10. William Cowper, “Light Shining out of Darkness,” Olney Hymns (1779), nº 35, em Masterpieces of Religious Verse, ed. James Dalton Morrison (1948), pp.10–11.